Você já ouviu falar em Design Instrucional? Se sim, você sabe o que esse profissional faz? O curioso é que, apesar de não se tratar de uma profissão nova, o Designer Instrucional ainda é um grande desconhecido do mercado. Em poucas palavras, podemos dizer que ele é o responsável por planejar a forma como será realizado um curso ou treinamento. Ou seja, é ele que planeja como o aluno vai aprender. Interessante, não é?
Quando falamos em design, é muito comum as pessoas pensarem automaticamente em design gráfico, em cores e formatos. Hoje também falamos muito em design de interiores, de produto, de serviços e de experiência do usuário. O Designer Instrucional, por ainda ser um nome menos conhecido que os demais, muitas vezes é chamado de Designer Educacional. A definição é boa também, mas será que vale a pena criar mais uma definição para uma profissão que é pouco conhecida?
O Design Instrucional une dois campos de conhecimento: o design e a instrução. O trabalho deste profissional, apelidado de DI, envolve o planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos e técnicas com o objetivo de promover a aprendizagem. Complicou? Vamos tentar assim: pense em qualquer curso que você realizou nos últimos tempos. Você consegue perceber que o conteúdo foi apresentado numa sequência lógica, que algumas atividades foram realizadas em momentos específicos, que a linguagem utilizada era adequada ao público do curso, entre outras coisas?
Pois bem, esse é exatamente o trabalho do DI. É ele quem estuda os conteúdos e materiais que serão utilizados, que estuda o público-alvo, que explora a forma de aplicação do curso, o tempo disponível. Depois de reunir essas diversas informações, ele planeja todo o treinamento, adequando o material para que os alunos tenham as melhores experiências de aprendizado, o que reflete automaticamente no nível de retenção dos conteúdos aplicados.
Por que o Designer Instrucional é importante?
Você ainda tem dúvidas? Brincadeiras à parte, o Design Instrucional é particularmente importante no ensino à distância. Nos treinamentos presenciais o instrutor, ou professor, acaba exercendo esse papel, já que ele geralmente trabalha com um conteúdo pronto e dá seu toque pessoal. Nos treinamentos à distância, o instrutor muitas vezes tem um papel mais de bastidor, em alguns casos os alunos nem têm contato com ele.
É aí que o Designer Instrucional aparece como peça fundamental. Ele tem o desafio de desenvolver o conteúdo de forma a estimular e despertar o interesse dos alunos. Como ele estuda o público-alvo, ele sabe como esse grupo aprende e como aquele conteúdo pode se tornar atrativo. Digamos que ele “suga” o conteudista (aquele que domina o conteúdo) e transforma em um material que se torna compreensível e interessante. Experimente fazer um curso de economia, por exemplo, que não tenha recebido um bom trato de um DI e me diga o quanto você entendeu!
Embora o papel deste profissional na produção de cursos à distância dispense discussões, infelizmente ainda é comum encontrarmos cursos disponíveis no mercado que não contaram com a participação de um DI. Como a gente identifica? Geralmente os cursos são enfadonhos, confusos, com textos ruins, sem sequência lógica, com avaliações simples demais, e por aí vai. Esses cursos geralmente têm um alto índice de abandono.
Como está o mercado para o Designer Instrucional hoje?
Cinco anos atrás o Designer Instrucional só era alocado em empresas especializadas em e-learning ou em consultorias de treinamento. Ao longo destes anos, é cada vez mais comum encontrarmos DI’s em empresas de diversas áreas. A razão? As empresas têm realizado cada vez mais treinamentos, e mais ainda, mais treinamentos à distância! Isso justifica a contratação de um Designer Instrucional.
OK, você pode estar pensando: existem realmente tantas empresas produzindo treinamentos à distância internamente? Não exatamente. Mas ter um Designer Instrucional na equipe, que esteja alinhado e ambientado com os objetivos da empresa, resulta na produção mais rápida de materiais. Mas, além disso, o ponto é que DI é importante inclusive para ajudar as áreas de treinamentos no relacionamento com as consultorias.
Fica o alerta: o Designer Instrucional geralmente entende também de design, dá ideias de programação, ajuda na gestão dos projetos, mas… essas não são suas atividades-fim! Ele pode ajudar muito, mas não deve ser responsabilizado por atividades que estão além da sua especialidade. Ter um time equilibrado é importante em qualquer área, e pensando em treinamento não é diferente. O e-learning também precisa combinar os conhecimentos da equipe.
Na Líteris é comum colaborarmos com diversas empresas durante os seus projetos. Muitas vezes trabalhamos lado a lado com os Designers Instrucionais dos clientes, o que promove uma troca que nos ajuda a obter melhores resultados de aprendizado e, consequentemente, melhor performance dos colaboradores. Ou seja, todo mundo sai ganhando!
Você trabalha como Designer Instrucional dentro de uma empresa? Conte um pouco das suas principais dores na hora de executar um projeto.
Gostei muito. Tenho algum conhecimento e desejo criar treinamentos para ajudar pessoas a superarem dificuldades e/ou desenvolver seus potenciais. Tentar ajudar pessoas com TOC, Medos , auto-estima…
Coisas que busquei ao longo da vida “topando” com muitas coisas ruins, outras ineficientes e umas poucas boas, e vejo que tenho a habilidade em combinar técnicas, adicionando algo intuitivamente, para melhor resultado e mais duradouro. Tudo isso em busca de solução para as minhas dificuldades. Alem de transformar dificuldades em oportunidades e potencial. Só não estou conseguindo por no papel, ai acabei lendo o artigo do Designer Instrucional, acho que preciso desse profissional alem de alguém de desenvolvimento para fazer o passo a passo. Vocês podem me ajudar, ou indicar os profissionais qualificados para isso ? Atenciosamente.
Olá Anderson, que bom que gostou do artigo. Seu projeto é interessante. Nossa experiencia é com treinamentos corporativos, com viés maior em performance bem diferente do seu foco. A área de design instrucional cresce continuamente, por isso acredito que buscando por freelancers no google não será difícil encontrar alguns profissionais para discutir seu projeto. Espero ter ajudado. Um abraço.
Me chamo Mauro e trabalho em uma multinacional do ramo da educação, tendo sido o primeiro DI contratado pela instituição no país (hoje somos 3, ligados à área de produção de material instrucional). Quando fui contratado aqui em Salvador-BA, na verdade, nem mesmo sabia o que fazia o profissional em DI. Aprendi o ofício “em campo” e por meio de uma pós-graduação em DI que acabei de concluir. Nos projetos em que trabalho, os maiores entraves são relacionados à visão que ainda se tem sobre a produção de material educacional, basicamente em forma de “linha de produção fabril” para uma massa, priorizando a quantidade à qualidade. Assim, há limitação de investimentos financeiros nos projetos, tendo que se fazer “milagre” com poucos braços para muito trabalho. Alguns softwares de autoração mais baratos podem produzir com qualidade, mas perdem em escalabilidade quando se trata de produzir muito com poucas mãos. As soluções de gestão de produção de material que permitem controle de versão são muito caras, nos obrigando a fazer uma gestão mais manual.
Mauro, obrigado por compartilhar sua experiência.
Concordo com você, a visão de que EAD reduz custos muitas vezes é tomada como principal motivação dos projetos, prejudicando demais a qualidade. Seja pelo uso de ferramentas erradas, equipe sobrecarregada e outros. Por outro lado tenho percebido um amadurecimento do mercado. Um abraço!