Quando vamos planejar um novo treinamento, um dos primeiros passos é estudar o público alvo. E se você descobrir que o grupo é equilibrado entre colaboradores novos versus antigos, seu planejamento deve mudar?
Hoje, vamos discutir com você como a diferença entre os perfis de seus colaboradores devem afetar o conteúdo e a forma do seu treinamento. Vamos lá?
Qual a diferença entre os colaboradores novos versus antigos?
É senso comum que reduzir seres complexos, como os seres humanos, a generalizações é sempre complicado e limitante. Mas para nossa conversa, vamos pensar em perfis: colaboradores novos versus antigos, ou veteranos.
Os novos Colaboradores
Estão em lua-de-mel com a empresa e isso os torna mais receptivos a informações e a treinamentos de forma geral. Mas não se engane, seu colaborador pode ser novo na empresa, mas não no mercado. Imagine, por exemplo, uma Força de Vendas com vinte novos. Alguns vieram do concorrente, os outros de uma outra área da mesma empresa. Isso significa que metade da equipe está em lua-de-mel com a empresa, mas já conhecem bem o mercado. E conhece bem a empresa, mas não a nova posição.
Os Veteranos
Esses já conhecem a empresa e o mercado. Já viram ações que deram certo e ações que deram errado. Isso faz com que sejam mais céticos com relação ao treinamento.
De fato, os veteranos tem muito conhecimento tácito – e sejamos sinceros, as vezes esses conhecimentos antagonizam boas práticas pregadas no treinamento. O nosso famoso “jeitinho brasileiro” não é necessariamente uma coisa ruim, mas é importante verificar esses conflitos para não descredibilizar o treinamento.
O que cada público precisa conhecer?
Quando um colaborador já está na empresa há algum tempo, ele já conhece as políticas, as regras da organização, os processos, os modelos de trabalho, já conhece bem suas atividades, sabe com quem interagir, quais são suas entregas e o que é esperado dele.
Pensando assim, a questão é: que treinamentos ele precisa fazer? Ele ainda precisa ser treinamento. Deve sim. Sempre! Seja qual for o ramo de atuação da sua organização, ela está inserido em um mercado que sofre mudanças constantes e que tem concorrentes. Portanto, seu colaborador precisa estar sendo reciclado constantemente.
Os treinamentos dessa turma não devem considerar apenas atualizações de normas e processos. Também é preciso investir na parte comportamental, trazer novos conhecimentos, incentivar a inovação e melhorar sua performance. Seu colaborador precisa ser constantemente desafiado! Isso ajuda no desenvolvimento profissional dele e reflete diretamente nos resultados da empresa.
Mas… peraí! E o colaborador novo, não precisa dessas coisas? Com certeza! Porém, ele precisa antes, entender a empresa em que está trabalhando, conhecer bem seu negócio, seus valores, sua forma de funcionamento. Por mais que tenha experiência de mercado, ele não conhece a nova empresa. E se ele ficar perdido, poderá ser bem menos produtivo do que é capaz e até mesmo se sentir desanimado em relação ao trabalho.
Duas versões de cada treinamento?
Está se fazendo esta pergunta? Fique tranquilo. Não é isso que estamos querendo dizer. Alguns treinamentos vão atender tranquilamente aos dois públicos. Outros não. Mas você realmente precisa dar atenção ao nível de conhecimento dos seus colaboradores sobre cada tema ao definir o público-alvo.
Se, por exemplo, for ser desenvolvido um treinamento sobre o modelo de negócio de uma área X e que vai envolver 15 colaboradores. Quem são esses 15? O que eles já sabem? Todos têm os mesmos conhecimentos prévios? Uma falha comum é achar que se apenas uma pequena parte está “mais atrasada”, o melhor é nivelar pela maioria. Grande erro! Essa minoria vai estar em déficit constante em relação ao resto da equipe e ainda vai se sentir desmotivada.
Talvez você não precise fazer exatamente um treinamento para que todos estejam prontos para este novo curso. Que tal reunir a equipe e pedir aos antigos que expliquem aquela parte inicial que os outros ainda não sabem? Além de circular conhecimento, você ainda promove uma maior integração entre eles.
Em alguns casos, a separação é inevitável. Novos colaboradores precisam de integração, de muitas informações básicas, de ser treinado em novo trabalho, mesmo que já tenha atuado com as mesmas atividades antes. Ele precisa se sentir acolhido, precisa acreditar que a empresa está preocupado em deixá-lo informado e integrado para que ele possa atender às expectativas que a organização tem em relação a ele, e vice-versa.
Dito isso, é preciso considerar também que aqueles mais antigos não querem fazer um treinamento que seja longo porque está englobando desde o básico até o que de fato é novidade para eles. Esse público espera informações mais aprofundadas e focados no que eles realizam, esperam informações mais complexas, coisas novas.
Na maioria desses casos, a sequência pode ser adequada aos dois públicos. Por exemplo, um curso de produto pode ser pensado de forma a ser dividido em Básico e Avançado. Na parte “básica”, a participação dos antigos pode ser dispensada. E na parte “Avançada”, todos, Novos e Veteranos, participam juntos.
Em outras palavras: se o curso tiver 8 horas de duração, os novatos podem assistir as primeiras 4 horas, que devem conter as informações de mercado e processo que os antigos já conhecem muito bem. Nas 4 horas horas seguintes, os dois grupos participam e então são apresentadas as informações novas, que nenhum dos dois conhece ainda. Esse tipo de separação pode ser feita tanto em treinamentos presenciais quanto em cursos online.
Enfim, de fato não há um fórmula mágica. O importante é que você consiga conhecer seus colaboradores e saber o que é melhor em cada caso. Muitos treinamentos poderão atender aos dois públicos. Mas, quando esse não for o caso, garanta que cada um receberá a informação adequadas ao seu perfil. Por isso é importante ser bastante criterioso ao desenvolver o briefing de cada treinamento.
Como a sua empresa lida com os diferentes públicos? Como você faz essa diferenciação? Compartilhe com a gente suas experiências!